terça-feira, 20 de abril de 2010

ESTE ARMÁRIO ME PERTENCE

Preciso de espaço. São 389 blusas e não gosto de nenhuma. Viro, reviro acho coisas que nem sabia que tinha. Descubro roupas ainda com a etiqueta e sinto falta das que usei esta semana. Estão na lavanderia.

Separo uma pilha de peças. Aos poucos, vou acomodando todo o resto nos seus devidos lugares. Por cores, lógico. Tem dia que eu acordo lilás, muitos branco, outros tantos preto e nos dias mais excêntrica, colorida.

Olho para as roupas, que em breve serão de outra pessoa e começo a reavaliar sua saída definitiva do meu armário. Algumas voltam, assim como a moda. Mentalmente justifico cada retorno ao seu lugar de origem. Resolvo que só vou finalizar esta arrumação no outro dia pela manhã, agora está na hora de dormir.

O despertador toca. Espreguiço, espreguiço de novo e vou direto pro banho. Agora, mais acordada, enrolada na toalha e em busca de uma roupa, olho a pilha e visto algo do armário. Todas aquelas peças voltam ao seu devido lugar de uma só vez.

Sem justificativas, sem explicação e sem a menor organização metódica de cores, elas voltam a ser minhas. Eu já estava com saudade!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

COTAS RACIAIS ESTIMULAM O PRECONCEITO



Por Paula Tubino

O tema é polêmico, basta falar sobre o sistema de cotas raciais para se ouvir os mais divergentes pronunciamentos, até mesmo entre antropólogos e sociólogos. As opiniões ficam divididas entre educadores e a população em geral, até porque, é desta multi etnia que o Brasil é composto .

A questão de destinar vagas exclusivas nas universidades para negros, índios e alunos egressos de escolas públicas gera polêmica e angaria argumentos. Há quem diga que esta é uma forma de reparar as diferenças e diminuir as desigualdades, outros tantos apresentam argumentos contrários, de que a medida só reafirma o preconceito racial.

Particularmente concordo com este segundo grupo, acredito que a prerrogativa das cotas divide a sociedade por raças e gera preconceito entre pessoas, que deveriam ser julgadas pelos seus méritos e não pela sua etnia. O Brasil é um país miscigenado, como avaliar quem pertence ou não a determinado grupo racial? Ora, todos nós carregamos esta “mistura étnica” e as cotas raciais, ou o privilégio a alunos egressos de escolas públicas, só pratica um movimento separatista, extremamente excludente, confundindo o preceito de igualdade e dignidade.

Acredito ainda, que o sentimento de inferioridade incorpora estes jovens, que chegam as Universidades dentro de uma ideologia - de cotistas - e não de igualdade como introduz a Constituição Federal, no artigo 19. III: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”.

Seguindo esta premissa o sistema de cotas é inconstitucional e, ao que se propõe - a inclusão social - passa longe. Este segundo item só será possível com um ensino básico de qualidade, garantindo as mesmas oportunidades a todos. As cotas chegam como um paliativo a um dos grandes problemas da educação no Brasil, a base curricular, que é deficitária na rede pública e, o pouco aproveitamento desses alunos, que muitas vezes são de família de baixa renda e priorizam o trabalho para garantir a sobrevivência.

Em suma, o que define quem entra ou não numa Instituição de Ensino Superior é a qualidade de ensino durante todo o seu histórico escolar e não a sua etnia. Alunos pouco preparados chegam e saem das universidades sem a base profissional necessária, porque os quatro ou cinco anos de graduação não dão conta de reparar as deficiências dos 12 anos de estudos anteriores. Se as diretrizes da educação não forem repensadas pouco poderá ser feito e, a ideia de incentivar o estudo através das cotas, isso é balela.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

APERTA O BOTAO SOME DAQUI

Ela aceitou o convite para sair. Entre a escolha da roupa, maquiagem, cabelo, salão, bolsa e o stress normal de um encontro, foram aproximadamente 5 horas. Ele chega, antes da hora marcada e toca o interfone.

Ela desce. Linda!Sapato de cetim, bolsa de mão, vestido preto e acessórios em dourado. Unha feita e cabelo solto. A Maquiagem é digna de profissional e o perfume lembra notas de jasmim.

A porta do elevador abre e ela vê a visão do inferno: o cabelo feito uma escova ao contrario, se é que isso existe, tênis sujo, calça furada, camisa desbotada verde e casaco de moletom três números maior. Ele cheirava a nada, talvez mofo, carregava um copo de plástico verde e antes mesmo de cumprimentar solicita gelo.

Ela pensa que neste exato momento o elevador devia cair no poço, com uma passagem secreta, que a levasse direto a sua cama, esquecendo aquela decepção.

O moço de olhos bem azuis interrompe seu pensamento e pede gelo.

Ora, não se anda com gelo no bolso, pensa a moça que de decepcionada passa a irritada. Sua imaginação continua a divagar sobre o que estava fazendo ali, naquele exato instante, daquela forma e com aquele sujeito que insistia no gelo.

Onde já se viu, nem se sabe para onde vai e o whisky já esta no carro. Ao entrar, sem nenhum gesto de gentileza ele solicita que ela segure a garrafa. No Rotulo: Xiboquinha – Cachaça tipo exportação.

Cade, cadê? Ela procura um controle, um botão, um celular... alguma coisa que apertando faça aquela aberração sumir da sua frente. De uma vez por todas.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

DEVOLVAM O MEU DIREITO DE SER MULHERZINHA

Conquistas e mudanças sociais??Abaixo a revolução feminista, essa atitude é definitivamente prejudicial à saúde das mulheres!


Essa conversa começou ali, as voltas de uma cama de hospital, como uma dessas discussões para passar o tempo. O papo foi além da sociologia e reunia três gerações de uma família, de ex-mulherzinhas, melhor dizendo, sem chance para isso.

Vovó concorda, o papel da mulher na sociedade mudou muito e, diga-se de passagem, já nem sei se realmente foi para melhor, já que, acumulamos atribuições e perdemos direitos. Ahhhh, na época da minha bisavó… era inerente a mulher o seu direito ao tempo. Seja para apenas contemplar o sol, andar em volta das crianças que por ali brincavam, cultivar plantas, trocar receitas novas na cozinha ou bordar uma técnica de ponto cruz, passada por gerações.

Se isso era o que chamavam de escravas eu quero é ser escrava! E afinal, o que somos hoje? Naquela época a regra era ser boa esposa, boa mãe e servir ao marido – nada mal, se pensarmos que hoje somos escravas do marido, do lar, do trabalho, do banco, do consumo desenfreado, da academia, da beleza, do salão todo sábado e tudo mais que nos atropela a cada 24 horas.

O sexo feminino continua com o fardo da gestação, da casa, da sogra folgada, das plantas, da lista de compras, do almoço no fim de semana, isso continua como na época da minha bisavó, a diferença é que hoje em dia o despertador toca cedo, pra dar conta de todas as coisas de casa e ainda chegar bela ao trabalho. Alguém, por favor pode me explicar onde estão as conquistas deste nicho??

Apontam como conquistas os lares chefiados por mulheres. Tento entender o porquê seria tão gratificante conviver com a ausência paterna e sem o amparo familiar da mãe, como figura presente na educação e desenvolvimento infantil. Hoje as mães não tem tempo para filhos, nem para a casa, nem para os maridos… Crianças são criadas por babas que ensinam a “dança do creu” aos pobres pimpolhos, a casa é gerenciada por alguém que você mal sabe o nome, porque é um troca-troca absurdo e os maridos, quando existem, devem ser bem cuidados por alguém. Quem hein??

Malditas Simone Beauvoir e Beth Friedman, que com suas ideias libertarias e de igualdade juntaram uma legião de mulheres impulsionadas pelo discurso revolucionário e esqueceram que as diferenças entre os sexos vão muito além do soutien, de um bom cargo no mercado de trabalho e de uma licença maternidade de seis meses, discussão mais atual sobre as “conquistas femininas*".
Na década de 20 elas foram às ruas para conquistar o direito ao voto. Na década de 60 acreditavam que a participação no mercado de trabalho seria a emancipação das mulheres e até o final desta década acho que vão as ruas pedir a devolução do seu espaço de mulherzinha.

Hoje sim Vivemos um momento de retrocesso, onde não é mais possível voltar no tempo, mas queremos o que não tivemos. Um lugar só nosso e, às vezes, não significa a presidência de uma multinacional. O mundo é cruel com o sexo feminino. Somos escravas de preceitos de beleza e estética, da competência profissional, da rotina e das contas. Atos de gentileza e cuidado são diferenciais que buscamos. Também queremos tempo e precisamos de compreensão e super poderes para administrar tanta coisa!

VAI ENTENDER?! - Mulheres independentes demais assustam os homens e acabam sozinhas. De menos não conquistam sua admiração e também acabam sozinhas. Haja peso e contra peso pra essa balança, que desestabiliza relações e nos coloca num papel de super mulheres, para posteriormente apresentar a frustração de que não existem super mulheres, ao menos não com todos os super poderes que merecemos.


Por Paula Tubino

* Temática de outro post