terça-feira, 28 de setembro de 2010

LULUS

Por Paula Tubino

Era um desses encontros em que os namorados e maridos não participam. Não estão presentes porque vira e mexe entram na pauta da conversa. Dia que eles também tem para encontrar amigos, o tal poker, futebol ou sei lá o que.  Falávamos sobre relações duradouras e as mudanças acarretadas com este convívio intenso, cada uma com a sua contribuição memorável. Há quem diga que os ganhos superam as perdas daquele amor que brilha os olhos, mas a conclusão é que as perdas são grandes o bastante para que seja realmente repensada a ideia de transformar duas casas em uma. A intimidade e o  convívio afastam situações como a citada em uma das crônica da Martha Medeiros, de “um simples beijo em pé na sala”. Sim, um beijo de verdade e sem maiores pretensões, dessas coisas gostosas da vida, que a gente faz sem pensar, no inicio de qualquer relação e esquece depois de um tempo. A mesa ao lado, repleta de homens trajando terno e, com grossas alianças na mão esquerda, olha veemente para a mesa de mulheres reunidas. A intenção pode até não significar uma traição e sim um alimento ao ego, mas é incomodo pensar que um dia podemos ser a mulher em casa e eles os nossos maridos que olham para outras. Será que eles perderam a vontade do beijo em pé? Mesmo que novela não seja lá nossa principal distração, bem longe disso, vem a fatídica frase, que corou uma destas personagens da vida nada real, lembrada por uma de nós e que virou reflexão após os olhares sinuosos de alguns comprometidos do lado: Se beijam em pé ou não, definitamente  não saberemos, se são realmente felizes muito menos, mas a atriz citou, em determinado momento da trama, que “É melhor ser desejada que casada”. Todas concordamos em alto e bom tom.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O CARA

Por Paula Tubino

Ele é exímio nos cuidados comigo. Ainda cuida do meu carro como ninguém. Resolve tudo o que eu acho chato. Considera meus defeitos e sobrepõe minhas qualidades. É lindo, magro, estiloso e o melhor palhaço que alguém pode ter pela manhã. Se escuta a voz trêmula do outro lado da linha pega uma avião e vem me ver, mesmo morrendo de medo dos ares e das minhas reações. Sim, esse cara existe e por ele fui pedida em casamento no transito, no restaurante, em casa, por mensagem, por telefone e mais algumas vezes olho no olho. Ficou com chave do meu carro e da minha casa algumas vezes e aproveitou pra encher meu quarto de flores e cartõezinhos. Ele é o máximo! Não fuma, bebe socialmente, sem filhos, não faz questão de sair sempre sozinho, tem fidelidade como uma premissa básica, meus amigos o adoram e, simplesmente desdobra-se para ser perfeito. Eu? Talvez não queira alguém tão perfeito assim. Procuro os defeitos e não acho, assim como procuro a minha admiração por ele: ZERO.
Recomendaria as amigas se não fosse meu ex, mas parafraseando Roberto Shinyashiki “Sem admiração não há solução”. Em uma semana ele pega o avião e volta a sua vidinha normal. Eu o levo ao aeroporto, beijo na despedida, abraço e aceno um tchau com ar blasé. Enquanto ligo o carro busco seu número na agenda do celular e  pronto! Apaguei pra sempre da minha vida. Página virada e sem volta

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

MORRER É IMORAL

Por Paula Tubino

Eis que estou aqui, pronta para a Missa de dois anos de falecimento de uma pessoa muito querida, nem tão perfeita, mas alguém do bem que sem avisar-me antes foi embora desse mundo. Poxa tinha que cair ali naquela curva do asfalto? Tão pertinho? Tinha tanto orgulho do super piloto e do super-homem que era.
Triste e irritada com esta circunstancia chamada MORTE. Fico aqui pensando que, definitivamente, Morrer não é justo e a injustiça é com quem fica.Reflito e penso... E os planos? E se você combinou de passar na padaria? E o terno que está na lavanderia? Mas como assim? Já pagou um plano anual na academia e nem desfrutou dos benefícios. Marcou viagem, comprou roupa nova, agendou jantar e não vai comparecer porque simplesmente morreu. Sequer vai conhecer a Grécia, nem vai estar no casamento do seu melhor amigo, não vai desfrutar de férias na beira da praia e também não estará presente na reunião de segunda-feira, aquela com um cliente em potencial.
INJUSTIÇA. Ficam os planos, fica a saudade, fica agenda lotada de compromissos, as promessas de uma vida mais saudável, o carro, a fazenda, os sapatos, a coleção de óculos... Ficam as fotos.
Ele ligou, disse que estava chegando, marcou de sair pra comer uma pizza. Era sábado e ninguém deve morrer num sábado, sem avisar antes e deixar as pessoas esperando. Isso é mais que falta de educação é um descaso da vida. E agora? Quem puxa minha orelha, quem busca minha prima na escola, quem assume a obra do portão, quem faz companhia para a minha tia no domingo a tarde...
Morrer é imoral porque eu nem consegui dizer o quanto você é especial e tamanha é a saudade que sentimos. Não, eu não errei a concordância, você É para sempre, mesmo sei la onde. O seu astral era contagiante e justamente por isso não poderia trascrever qualquer "muro das lamentações" por estas linhas. Prefiro lembrar dos bons momentos que passamos ao seu lado e das melhores recordações. Queria dizer que você é insubstituível sim, mas mesmo assim a gente (amigos, família) ajuda a cuidar das suas fofas, fica tranquilo, mas vai sabendo que me deve essa e uma pizza no sabado ai no céu.
Mas olha, queria contar uma coisa que também só descobri depois que você se foi, os mortos viram pessoas maravilhosas e perfeitas. Aproveita seu titulo de perfeito e conta isso pra todo mundo ai no céu. Conta também que quando a gente se encontrar EU que vou puxar a sua orelha porque a pizza do sábado sem você nunca mais foi a mesma, mas tomara que demore porque se eu chegar ai sem avisar a minha mãe ela me mata.


***Essa crônica eu dedico ao Lydio, que nos deixou há curtos dois anos e ao meu querido avô, pessoas maravilhosas que compartilharam suas vidas conosco e que sumiram do mapa, assim, sem deixar nem o telefone do céu e o e-mail.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ACHADO

Achado de hoje, frases que falam por mim (trecho do filme O Divã):

"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia"

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu queria...

Pintar o cabelo de laranja, colocar dreadlocks no cabelo loiro, pintar a unha de azul, tocar bateria, ter uma banda de rock, surfar de long bord e não ser assim... "tão certinha, tão patricinha, tão já passei dessa fase," tão com tantas coisas pra fazer e ser tão “porra-louca” quanto eu acho que merecia.

Ter mais tempo que o meu relógio, ser filha de socialite, fazer trabalho social e marketing ambiental, ah como eu queria...militar contra a política do país, ter mais altura, menos frescura, todos os amigos por perto, guardar pessoas e momentos em caixinhas, pensar mais antes de agir, ser mais sociável, menos autoritária...
Queria comprar bebês na farmácia e devolve-los após os 5 anos de idade, testar antes para saber se eu quero, pedir a garantia do ex namorado com defeito, juntar as qualidades de um e de outro, bater tudo no liquidificador e peneirar todos os defeitos. Queria o que é casado solteiro e as viagens por teletransportador.

Queria morar em Brasília e ter Salvador como quintal de casa, Rio de janeiro como vizinha e São Paulo como interior. Acordar com sol todos os dias e pedir chuva na hora de dormir. Queria mesmo é a tal lampada do Alladin....

Por Paula Tubino

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A MORTE

A Fortaleza procura a armadura e não encontra. Despiu-se desta peça. Perdeu os medos e a racionalidade. Agora sente as conseqüências da doação mais sincera dos últimos anos. Ainda vê os sorrisos mais lindos, o óculos embaçado, o beijo que ensurdece, as frases soltas, a lágrima que caiu, o cd que não ouviu e a despedida que não houve...soma de momentos bons, como outros tantos, mas estes sem a dita armadura.
A Fortaleza sente a fraqueza que vai além do que pode suportar. A ferida fica em carne viva cada vez que abre o assunto. O analista puxa e não consegue estancar em 50 minutos de sessão o sangramento da falta de proteção. Ela entra no carro e vive um momento só dela. Pensa, corre, pensa, chora, sangra.
Assim, sem armadura e desprotegida dizem que ela fica incrivelmente mais bela, ela acredita. Usa as armas infalíveis. Veste a roupa mais linda, faz a maquiagem mais caprichada e sai. É seguida por olhares estonteantes, sente o brilho aceso novamente e diz não a quem se aproxima. Com seu lado mais antipático e sublime procura o que não quer ver e sente medo dessa aproximação.
De repente a dona das soluções, aquela a quem todos recorrem , estava vulnerável e como sempre, não sabe pedir ajuda. Recorre a academia, aos agitos, a agenda. O paliativo funciona bem por horas, incha o ego e a auto estima transborda, mas não é remédio, nem antídoto. Busca o alinhamento dos chakras, a terapia de florais e nas furadinhas da acupuntura a solução que não encontra na farmácia nem em lugar algum. Enquanto espera o atendimento ela escreve num pedaço de papel:
“Você morre um pouquinho todo dia. Leva um pouco do meu melhor junto com você, dilacera cada vez que algo remete a você ou que alguém abre a ferida. Dói saber que você perdeu uma grande história e dói muito mais saber que eu deixei de protagonizar nela. Dói ainda mais saber que doeu pra você. É a perda, é a morte e eu não sei bem lidar com isso, cheguei nesse mundo pra ganhar e sei que vou vencer é que a dor da morte é muito viceral pra quem perdeu a lata de proteção”.
Mesmo com ápices e nuances totalmente dicotômicas ela segue a sua busca incessante pela lataria velha de aço. A vestimenta está entre os destroços do caminho. Recolhe uns pedaços aqui, outros acolá. Compra cola e questiona se volta mesmo a ser a Fortaleza Real ou se vive melhor em carne e osso.

Por Paula Tubino

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

EU

por Paula Tubino

Acordo, viro, levanto, escolho, visto, saio, dirijo, canto, encanto mais que canto, canto mesmo assim. Leio, escrevo, edito, ligo, falo, penso, argumento, não desisto fácil assim. Almoço, socorro, corro, quase morro. Malho, ligo, atendo, dispenso, começo, termino, termino-e-começo, escuto, entendo, tento, esqueço. Chego, subo, desço, desligo e desapareço. Viajo, compro, compro, gasto, pago, esqueço, conto um conto e amo. Aprendo, ensino, beijo, falo, falo, falo... fujo. Brinco, brigo, busco abrigo e desisto. Insisto. Tento, pulo, ando, vejo, sinto e vivo. Vivo, vivo, vivo, vivo...

VOTE NA DILMA !

Por Arnaldo Jabor

As promoções da época!
Vote na Dilma e ganhe, inteiramente gratis, um José Sarney de presente agregado ao Michel Temmer.
Mas não é só isso, votando na Dilma você também leva, inteiramente grátis (GRÁTIS???) um Fernando Collor de presente.
Não pense que a promoção termina aqui.
Votando na Dilma você também ganha, inteiramente grátis, um Renan Calheiros e um Jader Barbalho.
Mas atenção: se você votar na Dilma, também ganhará uma Roseana Sarney no Maranhão, uma Ideli Salvati em Santa Catarina e uma Martha Suplício em S. Paulo.
Ligue já para a Dirceu-Shop, e ganhe este maravilhoso pacote de presente: Dilma, Collor, Sarney pai, Sarney filho, Roseana Sarney, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, e muito, muito mais, com um único voto.
E tem mais, você também leva inteiramente grátis, bonequinhos do Chavez, do Evo Morales, do Fidel Castro ao lado do Raul Castro, do Ahmadinejad, do Hammas e uma foto autografada das FARC´s da Colombia.
Isso sem falar no poster inteiramente grátis dos líderes dos bandidos "Sem Terra", Pedro Stedile e José Rainha, além do Minc com uniforme de guerrilheiro e sequestrador.
Ganhe, ainda, sem concurso, uma leva de deputados especialistas em mensalinhos e mensalões. E mais: ganhe curso intensivo de como esconder dinheiro na cueca, na meia, na bolsa ..., ministrado por Marcos Valério e José Adalberto Vieira da Silva e José Nobre Guimarães.



Tudo isto e muito mais! TSE retira comentário do Arnaldo Jabor do Site da CBN
Leia o comentário de Dora Kramer, Estadão de Domingo:
'A decisão do TSE que determinou a retirada do comentário de Arnaldo Jabor do site da CBN, a pedido do presidente 'Lula' até pode ter amparo na legislação eleitoral, mas fere o preceito constitucional da liberdade de imprensa.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

EU ODEIO DIVIDIR A CONTA

Por Paula Tubino

Não se trata de um ato de oportunismo, ou dependência, mas é que dividir a conta é feio mesmo, desencantador e anti-româtico. Prefiro pagar sozinha as vezes, mas dividir e triste!

Não tenho paciência nem pra dividir compras nas faturas do meu cartao e ainda tem gente que depois do jantar pega o celular pra contabilizar até os centavos. Desculpa, mas é que nao vai dar pra eu falar nem meu sobrenome assim. Peço o divórcio antes de descobrir o telefone.

Já que vivemos numa falsa sociedade com direitos iguais e, eu não sou nenhuma coitada, euquebro o galho e pago a próxima. Ou pago essa, mas sem cara de interrogação pro meu lado ta?!

Seja no lugar que for e a quantidade de dígitos que tiver, a hora da conta é constrangedora e nem é pelo valor, mas pelo impasse que fica. Tem gente que nunca divide, outros dividem até os milesimos de centavos e catam moedas, existem os que nunca deixam voce abrir a carteira e os que se ofendem na menor mençao de pegar a bolsa. Tem ainda as que já saem sem bolsa, logicamente sem a menor pretensao de entar no raxa. O pior de todos é aquele que “paga o que consumiu” e sempre esquece que consumiu o dobro.

O que fazer nessa hora também é um grande impasse. É melhor sugerir a divisão cretina ou se fazer de desentendida quando o garcon chega na mesa com a notinha xarope? Tem gente que vai ao banheiro, outras olham para o lado… Em bar é até engraçado de observar as attitudes, normalmente de casais que ainda estão se conhecendo.

Por via das dúvidas e, por não saber qual a melhor forma de me portar neste momento, não sigo regras, vai de acordo com o que percebo, com a situação. Normalmente sugiro dividir. Fazer o que ne?! Mundo moderno é assim, a gente nao sabe se coloca a mao no bolso ou se arruma o cabelo na hora.



PARA FACILITAR – Alguns sistemas já promovem a divisão pelo número de pessoas, mas logicamente que os restaurants mais sofisticados jamasi cometeriam esta gafe. Entre amigos ainda é mais aceitavel que entre casais, mas mesmo assim, faz uma conta rapida de cabeça, pede logo a máquina do visa e liquida com o assunto.

O GUARDADOR DE CALCINHAS

O apartamento era dividido entre dois amigos. Não existiam muitas regras. Namoradas eram bem vindas, conhecidas e desconhecidas também. 3h da manhã, o casal de namorados dormiria por lá e o amigo Manel também. Ao colocar a chave na fechadura ouve-se passos rápidos e percebe-se vultos que fecham a porta de um dos quartos. Nada muito anormal por ali. O amigo resolve dormir pelo sofá mesmo e o casal se retira para o quarto. Na sala o sujeito pegou no sono e foi acordado por um cutucão. Ao virar, uma moça que vestia um longo vermelho, um tanto quanto descabelada e totalmente desconhecida disse: - Levanta ai pra eu pegar a calcinha que está embaixo de você?! A moça vai ao banheiro, veste a peça e bate a porta. Ela estava no quarto ao lado, com o dono da casa, que correu para o quarto ao ouvir o barulho da maçaneta. O guardador de calcinhas checa que não existe nenhuma outra peça por ali e segue seu sono.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PROFUNDA COMO UM PIRES

Por Paula Tubino


Incrível como tem gente que surge do nada, ganha espaço nas nossas vidas e de repente coloca tudo a perder. É quase que num passe de mágica. Eu já conheço bem esse processo doloroso (de uma semana). O Cara fofo de domingo se transforma no Cara que eu quero atropelar na quarta-feira. Dói pra caramba no primeiro dia, dói menos no segundo, quero matar no terceiro e já esqueci no quarto, mas não no meu quarto.

Não, eu não sou dessas que chora em festa quando escuta uma musica. Engulo com prosseco e também não vou pro banheiro desabafar com a amiga. Acho deprimente essa cena, muito comum nos banheiros femininos da vida. Lugar de chorar é em casa e no máaaaximo por 48 horas, mais que isso é falta de auto estima.

Vai malhar, inscreva-se na próxima corrida, programa de pegar sol no clube, vai sair de lancha com os amigos, reveja sua agenda, de tempo ao tempo... Em 7 dias tudo se resolve e nem precisa da “Mãe Diná”.

O processo é simples: lava a alma no primeiro dia, tenta segurar a onda no segundo e não manda aquela caixinha linda que você ia mandar, lembra que o país é a favor do desarmamento no terceiro e potencializa a raiva na caneleira. Vai pra balada no quarto dia e conclui que, aquele carinha que tava pagando o maior pau há 2 semanas atrás, aquele que você dispensou sem dispensar, ele realmente merece uma chance depois de tanta insistência. No quinto dia é hora de enfiar o pé na jaca e no sexto você já está feliz com a sua vidinha de antes. Rapidamente você conclui que o cara que pagou pau já virou um fofo e o ex fofo virou mais um idiota que saiu da sua vida pra sempre.

É o tal conto da Cinderela invertido. Acontece com todas, todo mundo sobrevive e pode apostar, vai acontecer de novo, tão breve quanto você perceba.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A PESSOA ERRADA QUE FAZ TUDO CERTO

Lendo Luis Fernando Veríssimo, numa crônica sobre a “pessoa errada”, resolvi repercutir o filme que passou na minha cabeça sobre pessoas que entram e saem das nossas vidas. Algumas simplesmente passam, outras não...
Questionando, bem ao meu modo, os conceitos de pessoa certa ou errada, lembrei de momentos e de pessoas, sem tanta saudade, mas como momentos. Nesta analise -  minuciosamente egocêntrica  - descobri que não sou a pessoa certa. Melhor que isso, muito me orgulho de ser a pessoa errada! Ah eu já conheci pessoas certas, erradas e desmioladas, mas as erradas... ah, as erradas...

A pessoa certa é capaz de acertar a numeração que você usa, os presentes, suas vontades e os lugares que você gosta de ir. Deixa você escolher a programação e quem sabe até o filme de sábado, faz com que tudo pareça perfeito, mas só a pessoa errada é capaz de fazer você arrumar a mala numa sexta-feira, para uma viagem com destino surpresa, ou até mesmo viajar com a roupa do corpo e quem sabe ligar pra dizer que tem um vouche da Tam no seu e-mail, ou simplesmente avisar que estará no aeroporto em 01h50.

Acho que já tentei por vezes ser a pessoa certa, mas sinceramente, fui muito mais feliz sendo a pessoa errada! Então, finalmente me orgulho em não ser a pessoa certa, mas de viver com intensidade, a la Vinicius de Moraes! Lembro que já liguei do aeroporto avisando que estava chegando, já mandei reservas de pousada por e-mail, já apareci com sushi e prosseco de madrugada, já mandei calendário com fotos e dias contados para o próximo encontro, já viajei com a roupa do corpo e biquíni por baixo e já quebrei corações gélidos, com martelo, pedrinhas,  musica e cartão dentro de uma bela caixinha. Por pessoas erradas já fui pedida em casamento no semáforo e ganhei um beijo que causou engarrafamento, já pedi desculpas, já solucei e já dei gargalhadas em uma madrugada qualquer...

Nada como alguém que te tira da piscina às 3h da tarde e conta 5 min pra fazer as malas e entrar no carro para uma viagem sem rumo, ou que liga pra dizer que ta com saudade e por isso está entrando num avião e logo estará na sua casa, quem sabe alguém que te faz viver exatamente as mesmas vontades impulsivas e intensas que só duas pessoas erradas sabem como conduzir.


Já me envolvi com pessoas irritantemente certas, daquelas que o script parece não mudar nunca, com a vida toda certinha, tão perfeito que enjoa e me apaixonei loucamente pelas erradas. Por quem conseguiu me fazer perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor...mesmo que tenham sido apenas momentos, foram os mais intensos momentos, sem duvida os melhores e que ate hoje fazem meus olhos brilhar quando lembro!

Se acabar, que fiquem salvos os momentos e as experiências mais incríveis que um dia serão compartilhadas, melhor que não com as pessoas certas, evitando assim maiores constrangimentos e frustrações!!!

Ahhh as pessoas erradas... que elas continuem assim, intensas e aparecendo subitamente, para quebrar uma rotina certinha ou tirar a vida dos eixos, o trem do trilho e a manada do caminho...

 Texto publicado no blog em 07 de abril de 2009, por Paula Tubino.