terça-feira, 31 de agosto de 2010

DIA CINZA

Por Paula Tubino

Ela precisava de algo novo. Roupas, sapatos, acessórios, algo que não lembrasse sua pessoa, suas dores e perdas e, mais que isso, ela queria acordar sendo outra pessoa, alguém que não tivesse sentido a noite passar.
Acordou cedo, sentiu a dor no pé ferido e sem sinal de cicatrizar. Foi ao Banho e ao armário. Vestiu azul e tirou, vestiu branco e não conseguiu sustentar tanta liberdade. Olhou, mexeu, procurou e achou. Algo que não parecia com o seu estilo e que era visualmente agradável. Não merecia o luto do preto, nem a vibração do laranja. Era algo em tons de cinza, assim como seu dia começou.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

APERTEM OS CINTOS

Por Paula Tubino

Foi dada a partida para mais uma aventura. Viagens sempre são aventuras e, por sinal, das melhores que se pode ter nessa vida. O tempo é insignificante para quem vive o qualitativo das oportunidades e quem vive apenas do quantitativo, sorry, nunca será feliz com pequenos ou grandes eventos, sejam eles cotidianos ou não.


Bom, deixa quem não sabe aproveitar a vida pra lá e entra comigo nessa viagem de fazer as malas, montar roteiro, conhecer lugares, dormir pouco, conhecer pessoas, as peculiaridades de cada lugar e dividir as melhores histórias. Conto por aqui o que mais gostei deste final de semana de retorno a Sampa.

VIAJAR É PRECISO

Por Paula Tubino

Nem preciso ir muito longe e pouco importa o destino. Pegando a estrada e passando 200 km já tô empolgada. Gravo cd, dirijo cantando, ensaio de co-piloto dançando, tento o vento, volto pro ar condicionado, levo suquinho e água e negocio quem fala e quem escuta, poucos são os momentos silenciosos, até porque eu sou parceira, não durmo nadinha durante a viagem. Se o destino inclui passar pela sala de embarque prefiro um livro como companheiro de viagem. Não enjôo, não tenho medo e torço muito para, caso seja o meu momento de deixar o universo, que seja na volta. Ahh, por favor, que pelo menos eu tenha o mérito de deixar saudade após gastar - a voz, o solado do sapato novo, alguns trocados – aproveitar e cumprir a expectativa da pré viagem, ai também já usei as roupas da mala e guardo em segredo para sempre tudo o que aconteceu. Mas melhor ainda é saber que mês quem vem tem mais. Das duas uma, ou estou viajando ou estou programando a próxima.

Bem, em tempos de mulher fruta, prefiro ser a mulher Ponte Aérea, sugestão de apelido carinhoso de uma amiga, que fica impressionada com a quantidade de viagens que tenho feito. Que assim continue. AMÉM!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

RELATOS E RETRATOS PÓS FACULDADE

Por Paula Tubino

Nem parece, mas saímos de lá há mais de três anos. E eu nem imaginava que um dia aquela ralação como estagiária e assistente de comunicação contaria para a experiência de hoje. Ao todo sete anos trabalhando com comunicação. Comunicação é arte é vocação, mas é qualificação e preparo também. Quem viu  as fotos do primeiro semestre, aula de filosofia, com sarau na Praça Castro Alves, todos juntos, nem imaginava o que estava por vir. A nossa turminha da faculdade não era nada unida. Pelo contrário, em função de uma professora maluquete, que pregava conceitos loucos e teorias inventadas, houve um racha. O grupo a favor e o grupo contra. O meu era do contra, acho que eu sempre fui um pouco do contra e o subversivo me atrai. Isso rendeu alguns bate bocas com a tal maluquete, que tempos depois foi vista vendendo biscuit numa lojinha de bairro. Então era o lado B e o lado A. Na verdade esta separação era um tanto quanto intrínseca, a ponderar pelas ideologias e perspectivas de cada um ali. Não era preciso dizer que não haveria uma amizade eterna entre todos e quando saio do ontem e olho no hoje, vejo como ficou a vida de cada um e tamanha a ponte que nos separa. Não é uma questão de preconceito, reconheço o esforço de muitos em estar ali por tênues quatro anos, mas é discrepante as diferenças. Só pra lembrar, teve gente que escolheu um pagode para entrar a colação de grau e literalmente “recebeu a galinha pulando” creeeedo! Fiquei sabendo que este Ser trabalha como tripulante de cruzeiros marítimos, vulgo “garçom da classe média”. Enfim, quando olho para a minha turma, o lado B, sinto um orgulho danado do rumo que cada um deu a sua vida e carreira, mesmo que um pouco enviesado, é vocação. Se jornalismo não tava dando dinheiro e surgiu a oportunidade em produção cultural, está lá ela, que arrasa no trabalho e comanda as equipes até durante carnaval em Salvador, enquanto todos se divertem. Tem as minhas coleguinhas de assessoria, trabalhando em empresas e órgão respeitados, aquelas que eu avisei que o caminho era a reportagem televisiva estão chegando lá, em um veiculo impresso importante, os que optaram pela produção estão bem, tem as que estavam engatinhando e começam a dar passos mais fortes este ano, associadas a nomes conhecidos no mercado e angariando seu lugar ao sol, agora sim, por competência e amadurecimento profissional. Do lado A, não sei bem o que aconteceu com todos, mas soube que alguns buscam a vocação até hoje, outros estão num curso de estética e algumas casaram. É, esta última é a profissão que exige menor nível de instrução, o mercado não está totalmente escasso e para entrar não precisa exatamente de competência.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CÂMERA INDISCRETA

Por Paula Tubino

Relógio não havia. O sol na janela do longo corredor do hotel informava que já passava das 5 horas da manhã. O traje não era algo apropriado para o café, tão pouco para circular por aquela área coletiva. Ela vestia uma camisola preta, com renda e transparência. Seguiu no rumo da escada de incêndio, desceu alguns lances de escada, subiu outros, bateu em alguns apartamentos. Sua vã consciência parecia desacordada. Desceu até a recepção e pediu que lhe informassem o numero do seu quarto. Não portava chaves, nem identificação, sequer a mínima dosagem de juízo. Bateu a porta que não respondeu. Com a ajuda da recepcionista, adentrou seu quarto. Empurrou a pedra que tomava conta de toda a cama e seguiu o sono merecido. Poderia ser apenas um sonho, se não houvesse o registro do circuito interno do hotel...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

E o nariz de palhaço vai para... o Eleitor

Parte 1

Em um país em que a imprensa da o mesmo destaque a morte do único Nobel de língua Portuguesa e a mocinha semi-letrada que agora é “escritora”, após escândalo em Universidade, não poderia deixar de ter Tiririca concorrendo à câmara e elas, que estão na moda, às “mulheres frutas”. O que sempre tive como vulgar (exageros – de bumbum, seios, pernas) ganha nome de pomar e peita as urnas. Li por ai que a Dona Pêra intitula-se Atora e diretora de espetáculos públicos. Não, eu não errei o feminino de ator e outra, quando o assunto é grau de instrução, ela descreve suas titularidades absolutas: lê e escreve! Aos 24 anos, quer ser deputada federal por SP quando crescer, mas como o quadril ganhou repercussão nacional, acredita que possa entrar este ano mesmo. Ao seu lado, a parceira Dona Melão. Mais modesta, peita a candidatura para deputada estadual. Tem superior incompleto, porem ficou confusa quanto a sua profissão e limitou-se a escrever Outros. Não ficam muito atrás os ex- jogadores de futebol, que aparecem como fortíssimo candidatos Federais. Boxeadores e comediantes também incorporam a lista, o que seria uma eterna piada, caso não fosse verdade. Política nesse país virou piada e quem fica de palhaço no picadeiro é ele, o eleitor.