terça-feira, 4 de janeiro de 2011

CHAPÉU DE CHUVA

Por Paula Tubino

Vocês querem um chapéu de chuva? Tenho uma coleção, de varias cores e modelos, é só escolher... completou a mãe do namorado. O fluxo dos pingos que caiam do céu aumentou consideravelmente e era preciso andar um pouco para chegar a qualquer restaurante, mas chuva alguma me faria colocar um chapéu para proteção. Com ar de pânico agradeci o empréstimo, mas descartei o acessório. Enquanto imaginava suas cores e modelos senti medo de sair com algo assim pelas ruas de Copacabana. Será que entre pessoas mais velhas é comum este tipo de adereço? Imaginei alguns com abas longas, outros mais curtos, material impermeável, com tecnologia capaz de escorrer ou absorver os pingos, em cores neutras e em tecido de oncinha, mas não conseguia me imaginar com o complemento. Senti medo e tentei a comunicação por olhares, para que o namorado continuasse a negar o empréstimo. Minha sogra insistiu. Neguei mais uma vez e outra e outra... Imaginava as cores berrantes e como esconderia depois o tal acessório de chuva. Quem usa chapéu de chuva nem precisa de melancia na cabeça, pensei. Deve ser algo bem antigo ou moderno demais para o meu estilo, mas decididamente não vai dar pra descer o elevador com um chapéu a prova d´agua. Disse não, não e não. Arregalei os olhos e fui levada ate o armário que escondia a coleção inusitada. Fechei os olhos e só abri quando percebi a porta sendo escancarada, para que eu escolhesse o meu. É não tinha escapatória, teria de levar o tal protetor de cabeça. Era muita insistência e pouca intimidade para mais de vinte repetições de “não precisa, obrigada”. Ao abrir da porta, no momento em que consegui acalmar coração, olhares, bocas e um corpo apreensivo pelo que teria de levar pelas ruas e bem ali,  na cabeça...Ufa! Era apenas uma coleção nas mais diversas cores e tamanhos de sombrinhas e guarda chuvas, sinônimo de Chapéu de chuva para quem é natural do Pará. Empréstimo aceito. Prefiro aquele floral, pequeno. Devolvo amanhã. Obrigada!