quinta-feira, 10 de junho de 2010

EU SEI FAZER BARQUINHOS

Todo mundo tem um momento meio retardado. O meu foi hoje! Estava lendo uma crônica, de outra redatora, que segue a mesma linha nos seus escritos e, numa referência a uma situação da infância, está La, num trecho qualquer - que já nem lembro qual, nem porque - ela remete a um momento da infância, em que fazia “barquinho com o papel do Bis”. Meu túnel do tempo foi longe, e voltou num daqueles recreios da escola, sem a minha melhor amiga por perto, em que eu também fazia barquinhos.

Na verdade eu sempre fazia barquinhos. Era só estar a toa. Com papel de bis, folha de caderno, rascunho, panfleto... qualquer pedaço de qualquer coisa virava uma embarcação, que em seguida ia para o lixo. O que eu mais gostava era de superar minha técnica, para os menores tamanhos de papel possível. O certoe é que se não tivesse nada para fazer, estava lá, fazendo barquinhos.

Hoje, algum horário sem nada para fazer é um milagre dos Deuses e, exceto domingo a tarde, dificilmente consigo folga na agenda para o ócio. Aos 26 anos, 16h25 da tarde de uma quarta-feira - com um projeto editorial para apresentar, pauta para montar e três matérias para escrever - paro tudo para fazer barquinhos. Pode parecer ridículo e realmente é ridículo, mas é que a frase da crônica estigou momentos da minha infância e a curiosidade. Será que ainda sei fazer barquinhos?

Amarga decepção. Mais de 5 minutos dobrando e desdobrando uma folhinha de rascunho. Vira para um lado, para o outro, dobra, desdobra e nada de barquinhos. Quase que sai o mesmo bico da infância, como resposta a inoperância adulta de algo tão simples. Viro para o lado e pergunto ao diretor de arte:  “Oi, você lembra como se faz barquinhos?”.

Felizmente o mestre Google sabe tudo e não esquece nada. Por vezes erra muito, mas sempre sabe. Paro tudo e vou fazer barquinhos, junto ao diretor de arte, que também se empolga com a proposta. Pronto, lembrei, não esqueço mais e tão cedo não paro o trabalho para fazer dobraduras e ler crônicas. Enquanto isso, o Diretor de arte anda pela sala e pergunta aos outros da agência: “Ei, você sabe fazer barquinhos?”

Por Paula Tubino