segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

AEROPORTO

 Por Paula Tubino

Véspera de Natal. Acordo cansada e sigo rumo ao aeroporto, já preparada para enfrentar filas e muita gente pelo saguão do aeroporto. Check in, capuccino, beijo de despedida e entro para o embarque. Como já previa, fila! Aguardo ali, em pé. Na mesma fila alguém que desabafa com a mãe, que deixa a lágrima cair, que veste algo bem esquisito e que "pinta" o seu parceiro como um FDP. Olho para trás, na expectativa da mocinha se tocar do papelão, mas não resolve. “Mãe, ele não faz nada comigo, só vive para a família e os amigos dele, só quer ficar com o filho dele, não me respeita, não é companheiro, não me trata bem, não quer viajar comigo, ele é um babaca...” Entre um soluço e outro compartilha com a mãe e com a metade do saguão informações sobre o seu relacionamento. Pensei em levar um lenço a mocinha, emprestar um ombro amigo-desconhecido, em passar o telefone de um terapeuta, em contar que estava feio pra ela aquela situação... Pensei, pensei, pensei e nada fiz. Afinal quem se submete a um relacionamento assim e não toma uma providencia para mudar não merece nem o ombro emprestado, nem a saliva gasta, sequer o tempo despendido. Entro no avião com a certeza de nunca permitir que isso aconteça comigo, de não deixar com o outro a decisão de uma vida amarga. Sorriso no canto da boca, não posso reclamar, a vida anda de mãos dadas com a felicidade e nadinha do que ela reclama consta no meu presente. Por falar em presente,  o meu vai bem, obrigada!