quinta-feira, 17 de junho de 2010

VIDA LOUCA VIDA

Eis que saio de uma Missa de 7º dia. Ele era jovem, 32 anos, cheio de etapas para passar nesta vida. Algumas antecipou e o findo dos seus dias aqui na terra foi em função de um câncer. O namorado da minha amiga (que sem chances de ser viúva acabou perdendo os planos para a doença dele) deixou tudo pela metade. Ela conseguiu reunir quem se preocupa e se sensibiliza pelo momento, além dos amigos dele. Eu o conhecia, mas encontrei poucas vezes, sempre em festas, agitos e encontros com turmas grandes. Quem diria, aquele seria o próximo encontro com todas aquelas pessoas, que de maquiadas estavam apáticas e abatidas, com a circunstância da vida. Enfim, ele foi. Deixou dois filhos, uma mãe inconsolada e uma namorada, irmãos sem o mesmo brilho nos olhos e reuniu as mesmas pessoas, de um sábado qualquer na balada, naquela igrejinha, lotada! Ao fim da Missa, a família recebe o carinho e consolo de todos e neste mesmo momento, uma interceptação da cerimonialista avisando que: - é preciso liberar a igreja, pois, vai começar um casamento. Entre as lágrimas de muitos, olho para as fileiras atrás e elas já foram preenchidas por pessoas com sorrisos, felizes, maquiadas e com modelitos que nada remetem a Missa, prontos para tomar os lugares mais a frente, a espera da noiva, enquanto uma mãe lamenta a perda de um filho. No caminho para casa dá um aperto no coração e uma angustia de ver o quanto a vida é incoerente. No exato momento que uns nascem, outros morrem, alguns casam, outros pedem o divorcio... E eu? Eu sigo pra casa, meio atordoada com esta circunstancia, que embora não seja novidade para ninguém, choca e desanima qualquer pessoa numa sexta-feira à noite. Ligo para a casa, para as minhas amigas mais próximas e para minha irmã. Senti medo de perder as pessoas que eu amo.

Já dizia Cazuza: “Vida Louca vida, vida breve...”

Por Paula Tubino

sexta-feira, 11 de junho de 2010

QUERIDO DIÁRIO


Acho que queria começar a escrever exatamente assim esta crônica. É que na verdade não é uma crônica é só uma coisa que eu quero escrever e contar e ponderar, sem a responsabilidade com o que vão pensar. Então lá vai...

Querido diário...
É véspera do Dia dos Namorados. As comprometidas já escolheram presentes e destino para o 12 de junho. As solteiras correm atrás de uma programação nem tão romântica e, querem meu nome como companhia na balada da véspera. Será que alguém tem a pretensão de conhecer o príncipe encantado horas antes da celebração a dois? Será que assim como as vésperas da virada de ano, ainda sonham em passar a noite abraçadinhas como alguém interessante? Paixão e amor não se transporta, nem atualiza e não é como download  de arquivos, não acontece com a mesma instantaneidade da internet. Outra crença que tenho é que ele não deve estar na balada. Pode estar no transito, no mercado, no Banco, na casa de amigos, em casa ou no trabalho, na balada, provavelmente não esteja e eu também não estarei.Por esta razão, não confirmo meu nome na programação de sexta-feira à noite. Não teria problema algum em passar a noite em casa, vendo filme, lendo, escrevendo, dormindo, mas dessa vez, a programação das festas juninas calhou justo na data, então, é pra lá que eu vou. Esqueçam, não estou “na pista pra negócio”, nem “a caça” ou algo do gênero, vou brincar de ser criança, festa com amigos e família, porcarias por todo o lado para escolher, brincadeiras, quadrilha , tudo que eu adoro e para esquentar do frio, casaco, botas e cachecol. Trio infalível. Li por ai que “Se o Dia é dos Namorados, a noite é dos solteiros”. Que seja como queiram, no meu caso, apenas mais uma noite de sábado qualquer, exceto que restaurantes são programas restritos, em função das filas e que a balada dos desesperados está fora de cogitação, o destino deste Dia dos Namorados é incerto por enquanto, vai que rende até uma crônica.Lembro que no ano anterior fui surpreendida por um convite e acabei indo a uma outra festa junina, muito bem acompanhada por sinal. Pra quem achou que passaria o 12 de junho em casa vendo filme, foi uma excelente pedida e o melhor, sem o compromisso das filas enormes dos shoppings para comprar presente ou de ter que virar uma atriz para passar bem uma noite em que estou péssima.

Paula Tubino

quinta-feira, 10 de junho de 2010

EU SEI FAZER BARQUINHOS

Todo mundo tem um momento meio retardado. O meu foi hoje! Estava lendo uma crônica, de outra redatora, que segue a mesma linha nos seus escritos e, numa referência a uma situação da infância, está La, num trecho qualquer - que já nem lembro qual, nem porque - ela remete a um momento da infância, em que fazia “barquinho com o papel do Bis”. Meu túnel do tempo foi longe, e voltou num daqueles recreios da escola, sem a minha melhor amiga por perto, em que eu também fazia barquinhos.

Na verdade eu sempre fazia barquinhos. Era só estar a toa. Com papel de bis, folha de caderno, rascunho, panfleto... qualquer pedaço de qualquer coisa virava uma embarcação, que em seguida ia para o lixo. O que eu mais gostava era de superar minha técnica, para os menores tamanhos de papel possível. O certoe é que se não tivesse nada para fazer, estava lá, fazendo barquinhos.

Hoje, algum horário sem nada para fazer é um milagre dos Deuses e, exceto domingo a tarde, dificilmente consigo folga na agenda para o ócio. Aos 26 anos, 16h25 da tarde de uma quarta-feira - com um projeto editorial para apresentar, pauta para montar e três matérias para escrever - paro tudo para fazer barquinhos. Pode parecer ridículo e realmente é ridículo, mas é que a frase da crônica estigou momentos da minha infância e a curiosidade. Será que ainda sei fazer barquinhos?

Amarga decepção. Mais de 5 minutos dobrando e desdobrando uma folhinha de rascunho. Vira para um lado, para o outro, dobra, desdobra e nada de barquinhos. Quase que sai o mesmo bico da infância, como resposta a inoperância adulta de algo tão simples. Viro para o lado e pergunto ao diretor de arte:  “Oi, você lembra como se faz barquinhos?”.

Felizmente o mestre Google sabe tudo e não esquece nada. Por vezes erra muito, mas sempre sabe. Paro tudo e vou fazer barquinhos, junto ao diretor de arte, que também se empolga com a proposta. Pronto, lembrei, não esqueço mais e tão cedo não paro o trabalho para fazer dobraduras e ler crônicas. Enquanto isso, o Diretor de arte anda pela sala e pergunta aos outros da agência: “Ei, você sabe fazer barquinhos?”

Por Paula Tubino

terça-feira, 8 de junho de 2010

CELEBRE A RELAÇÃO E NÃO O “DIA DOS NAMORADOS”

As propagandas, os anúncios, as vitrines, os restaurantes, os outdoors, a imprensa e os estacionamentos dos shoppings, todos os sinais avisam que estamos às vésperas do Dia dos Namorados. Meu celular também avisa, mas não se trata de uma tarefa agendada, é que tem gente que eu não falo há séculos que anda ligando, rondando, perguntando, se insinuando...

Olha é divertido, quase tragicomigo, mas no geral, as pessoas tem dificuldade em passar a data sem “alguém para chamar de seu” e seguindo a programação rotineira: troca de presentes, restaurante (lotado e com atendimento péssimo) e a gigantesca fila no motel.

Eu acredito em mais uma data compulsória, comercial, que você é obrigado a fazer uma série de coisa que, de repente nem está tão afim deste determinado dia. Ai compra presente sem vontade, fica com raiva da fila, do estacionamento, do caixa, da numeração que falta... Vai jantar com horário marcado, fila na porta, perde a reserva o namorado atrasa, ou seja, uma noite de caos.

Tenho um casal de amigos que optou por viajar, nada muito glamoroso, mas fugindo totalmente do convencional, uma forma de aproveitar, a dois, o que a vida tem de bom. Adorei a idéia e confesso que, quando fiz um jantarzinho em casa ou programei viagens para data, aproveitei muito mais. Embora não tenha passado de mais um jantar ou momento turista, comum na relação.

O que vale é uma constante de momentos especiais. Uma boa dica é tirar proveito das risadas, das bobagens da vida, dos momentos de colo, do cafuné, lembrar sempre de quem está com você e não esperar uma data específica para isso. Mais que presente, doe atenção, tempo, dedique-se a entender as necessidades do outro e a prestar atenção nas falas, vontades. Repense sempre o que você pode fazer de melhor. E faça sempre o melhor, o retorno, normalmente é garantido e caso contrário, troque a mercadoria, o prazo de validade da relação deve ter expirado.

Por Paula Tubino