quinta-feira, 28 de outubro de 2010

QUARENTÕES EM CAMPANHA


Por Paula Tubino

Se isso aqui fosse uma reunião de briefing para uma Campanha Publicitária, que visa “vender” os homens que já passaram dos 30, minha sugestão seria para o emprego de um conceito simples, como: “Porque você merece ser bem tratada”. Dentro deste, inúmeros quesitos, facilmente destacados, porque eles têm lá seus diferenciais em relação aos mais novinhos. O papo flui sobre os mais diversos assuntos, eles abrem a porta do carro, fazem questão de te levar em casa, ou no mínimo vão escoltando seus passos até lá, são gentis, não olham para todas as bundas que passam, e não tentam passar a mão na sua, pelo menos não assim, na balada, nos primeiros encontros e graças a isso você não se sente apenas uma bunda de mãos dadas com um cara. Não vão tentar um amasso no carro, nem saem na sua frente (te arrastando) enquanto você olha vitrines ou dispara a falar sobre seu dia. Eles têm uma fala serena, distribuem um número menor de palavrões e gírias a cada frase e entendem bem o porquê de dois ouvidos e apenas uma boca. Sim, eles escutam. Tenho uma amiga que diz nunca ter sido tão bem tratada, até conhecer o quarentão que ronda sua vida no momento. Na contramão de todos estes requisitos, normalmente alguns traumas de relacionamentos trágicos, alguns endureceram com os tombos da vida e estão fechados para balanço, outros tantos tentam resgatar o seu lado mais adolescente e viram eternos babacas, piores que os próprios adolescentes, mas ainda existem os curados e estes são os mais especiais dos seres. E porque um cara desses está com você? Pode até ser porque a sua bunda é melhor que das mulheres de quarenta anos, mas como não tem química que supere a convivência, se passou de cinco encontros prefiro acreditar que é porque provavelmente você tem uma forma mais branda e divertida de ver o mundo e acha graça em pequenas coisas e ele acha graça em você por isso. O melhor que ele pode te proporcionar é a certeza que a sua bunda realmente é a melhor de todas, sem contar que seduzir um cara desses pelo intelecto é muito mais desafiador e sexy que ter aos seus pés o último modelo da campanha da Levi´s. Pode apostar!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

POR VOCÊ

Por Paula Tubino

Meu despertador toca, a cama chama e eu levanto por você. Por você eu acordo cedo, troco de roupa umas 500 vezes, leio ao menos dois jornais por dia e dou o meu melhor no trabalho. Por você eu malho glúteo com uma caneleira que quase não consigo suportar. Por você eu compro acessórios, roupas e pior, pago para “levar choques”, durante dolorosos 20 minutos, em um tratamento estético qualquer. Por você eu passo 4h no salão - refazendo as mechas, cortando cabelo, depilando, hidratando, cuidando dos pés e das mãos - e agüentando aquele papo fútil ao lado. Por você eu leio mais, retomo o MBA, repenso as atitudes impulsivas de uma escorpiana, mantenho os amigos de verdade e tomo sol. É você que me faz sair da academia direto pra terapia e, segurando os ponteiros do relógio, falo, falo, falo. Por você eu programo viagens, mantenho o brilho nos olhos, o amor pelas pessoas, faço o bem e repenso a vida. É só por você que mantenho uma alimentação equilibrada, atividades moderadas e de alto impacto (ciiinco vezes por semana). Só por você busco as soluções e fujo das lamentações. E é seu, todo seu, o meu primeiro “bom dia”. Após o banho, bem ali, diante dos meus olhos, próximo a minha boca, depois de escovar os dentes, que eu digo: “Bom dia pra você, meu Espelho querido”! E assim começamos mais um dia.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

POLÍTICA? DESENCANTEI.COM


Por Paula Tubino

Lembro das últimas eleições, em 2006, acompanhava cada debate, gravava e via novamente. Esperava o namorado para discutirmos juntos cada frase e, ainda analisava semioticamente, o que cada candidato dizia e o que não dizia. Entre Pipoca e pizza, cada debate virava um evento. Eu era aspirante a jornalista e o importante era confrontar idéias. Discutia em casa, na sala de aula, entre colegas e amigos, lia os cadernos de política do início ao fim – pelo menos três - e até respirava política. Tinha a total convicção que, como jornalista, precisava entender e defender um posicionamento bem claro sobre a política nacional, assim como os economistas precisam estar atualizados sobre as taxas cambiais e oscilações do mercado financeiro. Ai vem à maturidade e eu percebo que não preciso entender ou defender tudo com tanto afinco e, em decorrência de alguns acontecimento pessoais, relacionados indiretamente com a política e pra piorar, os candidatos deste ano, desencantei.com.
Ainda entro numa discussão sobre política e defendo meu posicionamento, mas penso duas vezes e sou a primeira a mudar de assunto. Não sinto a menor culpa em justificar o voto, porque no meu caso, votar em um seria apenas uma forma de proteção contra o outro, isso vale tanto para presidente quanto para governador. Eu odeio muito a política do PT, seus programas paliativos e saber que os altos impostos e taxas que pago, sustentam o filho do vagabundo que me assaltou mês passado, sim presidiário recebe cama, comida e ainda uma pensão, caso tenha filhos. Eu? Fico sem meus cartões, a carteira novinha, os documentos, tudo pago com o meu dinheiro, acordando cedo e indo trabalhar todos os dias, deixando de almoçar por falta de tempo e contribuindo com uma grande fatia do meu salário para o governo... enfim, vagabundo tem vez pro PT, para a classe média, impostos, taxas, coisas que só atingem quem faz as coisas certas nesse país. Nessas eleições, confesso que fui mais feliz sem acompanhar os debates, lendo o básico só para não alienar e fugindo do assunto por muitas vezes. Desencantei mesmo. Um país conduzido por um semi-letrado, que diz intempéries e escandaliza o mundo com seus comentários e ações. Um foco de corrupção aberto e nas páginas dos jornais (de hoje), “Casa Civil decide deixar para depois das eleições o resultado das investigações sobre o tráfico de influências na gestão de Elenice Guerra”, esta braço direito da Louca da Dilma. Mais uma que estoura e o marqueteiro do Serra deixa passar. De braços cruzados fico eu, com a  astúcia do PT que encobre todo e qualquer escândalo e a ver tanta gente votando nessa sujeira. E o povo brasileiro? Ahhh só pode dormir de touca e acordar com uma sublime amnésia.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CONVERSA DESAFINADA

Por  Paula Tubino

Se sintonia bastasse, estava selado o elo, mas a conversa parece não ter fim quando um aborda a temática pelo emocional e outro responde pelo racional. Não se trata de um romantismo exagerado pela vida, é apenas uma forma mais humana de perceber as coisas. Não basta ser especial, tem que querer as mesmas coisas, estar disposto a viver novamente, a se entregar para uma nova história. O emocional não briga com o racional, é complemento e pode ser assertivamente utilizado em sua plenitude, só que de outras formas, como no campo profissional, ou na hora de mandar uma mensagem estúpida, por puro impulso e até nas falas direcionadas a alguém que não merece ouvi-las. O Emocional desorienta sem as doses certas de racionalidade, mas a Racionalidade simplesmente não vive de verdade sem a emoção. É simbiótico e nada excludente, mas enquanto um tentar sobrepor o outro, não há diálogo, não há falas, nem planos, nem encontros. São desencontros ideológicos tomando conta de uma conversa desafinada.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

PORQUE A VIDA PRECISA DE COR

Por Paula Tubino


Admiro pessoas fortes, batalhadoras, encontro afinidades e troca, consigo ver um espelho algumas vezes e percebo que não há tombo para quem tem a leveza e a coragem de se reconstruir. Assim é a minha amiga Lulu, uma pessoa dura, consequência dos trancos, dignos de roteiro da próxima novela das oito, mas com uma energia enorme, um coração petrificado, mas puríssimo, totalmente do bem, com um sorriso largo, mesmo quando poderia achar a justificativa para se fechar para sempre. Nossos encontros são cheios de gargalhadas e confidências inéditas, mesmo citando os momentos tragi-cômicos. Conto das férias, dos melhores e piores momentos, conto o pior de mim. Ela ri e diz que quer ser como eu quando crescer, conta suas empreitadas e eu tento ver o lado bom, mesmo que em algumas situações não tenha como tirar nadinha, é como espremer limão em busca de gotas de Coca Cola. Fechamos a noite combinando um próximo encontro, longe daqui e eu garantindo alguns dias da vida com óculos cor de rosa, porque ela diz que adora a minha forma de viver e ver tudo de uma forma divertida. Então, sigo pintando a vida com cores vibrantes, irradiando sorrisos blindados e levando toques de humor para quem me faz bem. Em contra partida, sigo rodeada de pessoas especiais, como a Lulu, que me ensinam com seus tropeços e reforçam a minha linha de raciocínio, de que em meio a tanta mentira, desonestidade, corrupção, falta de ética e integridade, ainda assim, existe gente muito do bem. . Pode até ser um romantismo exagerado pela vida, mas o mundo é melhor para quem enxerga cores onde a massa só percebe o P&B. Levanto a bandeira do meu Movimento “Eu Ainda Acredito nas Pessoas” e sigo em frente, escrevendo as linhas da vida com os tons do arco-íris e, com quem mereça acompanhar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

NADINHA DE NADA

Por Paula Tubino

Saio de casa atrasada. Cara amassada, cabelo molhado, jeans, blusa branca básica e coletinho colorido, para inspirar a criatividade de uma dessas terças-feiras da vida. O óculos de sempre e um sapato baixo. Entro no elevador e escuto: “- Nossa como você está bonita hoje!”. Dirijo meu carro, cantarolando sozinha o som que não remete a ninguém e o cara ao lado grita um “linda”, que gera surpresa, risos e cora o rosto amassado. Na agência: “- Nossa, como você está bonita. Está com ares de quem está amando”. Durante o almoço: “ - Tanto tempo que não te vejo assim, tão radiante”. Volto ao trabalho rindo disso tudo e vou direto a copa: “- Mocinha, pode me contar, tem alguém novo na parada né?!” No supermercado, tentando entender a lista de compras, feita entre um semáforo e outro, acabo pisando no pé de alguém. O alguém olha, pede desculpas, sai atordoado, olha de novo e olha lá de longe mais uma vez. Meu ex-complicadíssimo liga e convida para jantar, pelo telefone. – Obrigada pelo convite, mas não vai dar. Ele diz que me viu pela rua esta semana, correndo no lugar de sempre e que mesmo suada e de tênis eu estava incrivelmente linda. Pergunta se estou com alguém e como está a vida. Eu? Estou ótima! Guardo em segredo a explicação que vem a mente instantaneamente: Nadinha de ninguém na vida. Nem um restinho do último, nem saudade de ninguém que se foi, nem de alguém que pode chegar. Ninguém ligando, nem lá em casa ou em qualquer outro lugar. É um fim de semana inteiro com o celular no silencioso, um tempo sem horário para acabar, dedicado a arrumar armários, ler o livro novo de cabeceira, passar as músicas para o Ipod novinho, para planejar a próxima semana... Um semana cheia de tempo pra meditação, acupuntura, pilates, academia, corrida as terças e quintas-feiras, almoços demorados, cabelo, unhas, viagens programadas. É um coração bombeando sangue limpo, para uma pessoa plena, feliz com o trabalho, com a casa, com os amigos. É uma agenda feita de coisas prazerosas, com momentos meus e só para mim. Não dividir uma vírgula disso com absolutamente ninguém é a explicação de tudo. É  sensação  de renascimento, de pós feriado, de casa nova. É fase nova.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A DESPEDIDA

Por Paula Tubino

Na boca o gosto amargo de um café sem açúcar. Os olhos percebem a manhã sem sol, sem brilho...sem você. Tem cara de vôo que passa por cima da Guanabara e pelo Pão de Açúcar e dá meia volta.Vontade de não acordar, de rasgar o calendário, de contar pra atendente da farmácia que você foi pra sempre. É suportável, porque é vaso quebrado, nó na garganta e nada mais que isso. Resgato a imagem da fala engasgada, o escrito de ontem...
“O meu orgulho detesta admitir que você é uma pessoa especial, mesmo que eu não consiga definir o porque ao meu analista, com milhões de defeitos irritantes e uma fraqueza que me faz te detestar por instantes. Bem longe da perfeição, assim como eu, mas responsável por um grande aprendizado, o da verdade. Não que eu não seja sincera, mas a minha verdade resgatei com você, quando decidi viver em “Queda Livre”, perder o controle da situação e acreditar que vale muito mais assim. Descobri que eu não sou de ferro, como todos pensavam e eu concordava, precisei de ajuda, desisti de encontrar explicações tão racionais para tudo. "
Desisti de você, das suas inseguranças, de ser preterida e de ter a nítida certeza que, lá na frente, em algum momento, você vai se questionar: E se eu estivesse com ela?!
Coragem! Isso eu aprendi no berço e felicidade eu carrego comigo, independente de qualquer pessoa ou circunstância. Tomara que você não se arrependa.... Descarto o que sobrou de voce na minha vida, o telefone...  Por longos 40 minutos afundo o esquisito dia de hoje na banheira, misturo os sais, essencias e, pronto. Página virada. Capítulo Novo, viva mais uma sexta-feira. Lembro o mantra que entoa durante a meditação "eu sou liberdade" e comemoro o melhor sol de todos, o do dia seguinte.