sexta-feira, 20 de março de 2009

DEFINITIVAMENTE A TELEVISÃO NÃO É MINHA MELHOR AMIGA

Pela percepção de que para conviver bem com os outros é preciso estar atualizada, até com aquilo que não se faz necessário, então, me submeto a uma mudança de rotina e como quase todo mundo, menos eu, ligo a televisão e tento me adaptar a ela como companhia. O esforço surge ao observar que é impossível passar mais de oito horas na companhia de amigos sem que sejam citadas as trapalhadas da nona edição do Besteirol Brega Brasileiro (BBB) e para entrar neste universo, que considero fútil/inútil, penso no meu objetivo e quem sabe, até passo a gostar daquilo que hoje ganha minhas horas de leitura, arrumação de armários e até mesmo o simples ócio.

Tento me concentrar e aprender os nomes das pessoas e dar uma chance ao programa, de repente posso até me identificar com as estratégias e o poder de persuasão que a televisão explora para determinar quem serão os eliminados, mas como posso me identificar com um programa que não segue sequer a premissa nome e identidade? Não consigo perceber a semelhança entre o nome e a programação apresentada, muito pelo contrario, me pergunto quem é o Irmão nessa história??

Enfim, está decidido: o show da espetacularização, que ganha às casas brasileiras, tem que ganhar a minha também! Dura aproximadamente 2 minutos e eu já inventei alguma outra coisa para fazer em paralelo. Quem sabe ler o manual do Seguro do carro? Ou organizar umas gavetas? Montar uma nova planilha de gastos? Ou jogar fora os papéis que ficam pela bolsa...Ok! Desisto e vou ao computador relatar o que percebo sobre o fascínio que o Besteirol Brega Brasileiro representa na vida das pessoas, sobre alguns aspectos, estejam eles certos ou não, são apenas minhas observações, nem tão livres de preconceito quanto gostaria.

Repeitável público, o circo começou! Entre palhaços apostos, trapezistas sociais, mágicos da imaginação e malabaristas da estratégia, o fogo cruzado, “na casa mais bisbilhotada do Brasil”, ganha olhares atentos e a cada fala de um dos “atores” (sim, atores de um picadeiro da vida nada real) um suspiro ou uma exclamação, uma indagação e um comentário guardado para ser compartilhado no dia posterior. Enquanto isso, a emissora lucra milhões com merchandising, com as ligações de todo o país, anunciantes e produtos, provenientes deste enlatado americano que deu certo por aqui. Derrota maior se pensar que ainda sai ditando moda, jargões, comportamento e claro, “formando novos apresentadores da televisão Brasileira”. Diga-se de passagem, as premissas do jornalismo passam longe destes profissionais, mas hoje em dia há espaço para todos, até para as saias e decotes.

Tentando entender o porquê de tamanha perda de tempo, faço uma analise da conjuntura atual. Vejamos: população descrente nos governantes, rastros de corrupção por todos os lados e partidos, crise econômica mundial afetando todos os segmentos, taxa de desemprego aumentando, filhas estupradas pelo próprio pai, corrida para entregar o imposto de renda, pessoas se relacionando mais com computadores que com pessoas, um chefe irritante, horas extras sem remuneração, muitas contas, impostos abusivos ao bolso de qualquer empreendedor e fila, muita fila.

E o que isso tem com o BBB?? Em uma conversa antiga, com um sociólogo sobre minhas indagações, conferimos juntos o sucesso do programa ao cenário atual e alternamos algumas possibilidade:
1) As pessoas têm a necessidade de ver algo leve para abstrair o montante de informações que absorvem durante o dia e a quantidade de atrocidade e preocupações.

2) Outra conclusão está na identificação, os mesmos mecanismos utilizados pelas novelas. A emissora apresenta discursos subliminares, intrinsecamente manipulados, as distorções causam certo frisson nas pessoas e o reconhecimento dos sentimentos (raiva, dor, tristeza, saudade..), que muito se aproximam do real, asseguram a elas uma familiaridade. Os telespectadores também exercem sentimentos sobre o que vêem e vibram, se emocionam, comentam, acompanham cada fala como se pertencesse a sua própria vida cada uma das escolhas e como se aqueles fossem seus amigos de infância, até porque a internet assegura uma busca rápida e facilitada sobre qualquer pessoa, disponibilizando até o que deveria ser mantido sob o mais criterioso sigilo.

Enfim, a analise sobre o BBB é tão complexa que foi tese de monografia de uma amiga, em tempos de faculdade, provavelmente será o seu projeto de mestrado também, mas mesmo não poupando esforços, será impossível analisar todos os pontos. Como minha pretensão não é essa e sim compartilhar algumas indagações, concluo que realmente não consigo estar nesta parcela majoritária de telespectadores e sinceramente, vou indo muito bem assim.

Então, quem conviver comigo, verá algumas caretas, quando este for o assunto em pauta e quem sabe algumas contra argumentações, porém, a idéia não é que as pessoas deixem de assistir, mas que analisem aquilo que estão vendo. Não é possível passar a vida toda apenas assimilando.

DECIDIDO - Numa rotina em que falta tempo para praticamente tudo, ando preferindo gastar estes preciosos minutos dedicando-me ao simples ócio, a conversas construtivas, a conviver com pessoas que admiro, escrever sobre aquilo que me incomoda ou emociona, quem sabe uma corrida ouvindo Linkin Park, um filme novo e até descobrir uma banda ou um Gueto recém inaugurado na cidade.

Que cada um faça o que tiver vontade, mas que a critica esteja presente em todos os momentos!

6 comentários:

  1. Adorei! Ótima crítica. Agora espero o próximo post.

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  2. Eu já disse pessoalmente que achei fantástico, mas vamos lá... novamente! Bem crítico e de idéia clara e precisa. Virei fã.

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  3. Paulinha!!!Primeiramente meus parabéns...Realmente se não nos acostumarmos e não nos rendemos a televisão o que seria dos nossos papos de butequim kkkkk...Obrigada DEUS pela TV kkkkkk....Adorei a crítica....Beijo Lulu e posso dizer que também virei fã....

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  4. Amiga Pequena só vc mesmo pra me fazer rir depois de um encontro sem sentido. É bom colocar aqui que o tópico 3 foi feito na minha intenção! E último me arrancou altas gargalhadas a uma da matina... Essa é de matar uma de raiva! É quase a mesma coisa de quando compramos um celular de última geração em dez prestações e o ladrão leva... Detalhe, vc acabou de pagar a primeira prestação. É de fu... Amiga continue escrevendo que eu continuarei acompanhando seus passos! Te amo!

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  5. Gostei da crítica. O assunto em questão é debatido em diversos lugares, seja no ambiente acadêmico, na mesa de um bar e, até mesmo em uma conversa com sua chefe, quando na ocasião aconteceu comigo, depois de uma pausa sem assunto. O importante acredito eu, não é deixar de ver, mas sim não se influenciar por ele. Uma vez que somos aquilo que conhecemos, de nada adianta ficar de fora. O fato é que depois de um dia exaustivo de trabalho, muitas pessoas se deparam com uma programação televisiva carente e para entreter, nada melhor que sorrir nas baboseiras apresentadas.
    Sejamos informados, mas não influenciados.

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Quem escreve assina, ok?!