terça-feira, 31 de agosto de 2010

DIA CINZA

Por Paula Tubino

Ela precisava de algo novo. Roupas, sapatos, acessórios, algo que não lembrasse sua pessoa, suas dores e perdas e, mais que isso, ela queria acordar sendo outra pessoa, alguém que não tivesse sentido a noite passar.
Acordou cedo, sentiu a dor no pé ferido e sem sinal de cicatrizar. Foi ao Banho e ao armário. Vestiu azul e tirou, vestiu branco e não conseguiu sustentar tanta liberdade. Olhou, mexeu, procurou e achou. Algo que não parecia com o seu estilo e que era visualmente agradável. Não merecia o luto do preto, nem a vibração do laranja. Era algo em tons de cinza, assim como seu dia começou.

Um comentário:

  1. Sempre gostei mais de fotos em P&B, existe uma linha muito tênue de luz e sombras, e caminhar no limiar do branco e preto revela a tristeza de um cinza singelo que é dor e paz! O sangue do pé é mais preto ou mais branco? Sebastião Salgado e Verger não conseguiriam retratar.
    Ass: Um tal manco!

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